terça-feira, 31 de julho de 2007

Sobre o Tempo

Eu venho pensando bastante em questões temporais.

Se o passado é tudo aquilo que passou; se o futuro é tudo aquilo que ainda não veio; se o presente é um ponto. Apenas um ponto. Que passa rápido. Passou. Passou. Passou. E de novo. E de novo. Qual é o lugar que a eternidade ocupa? Porque não é algo que passou, não é algo que ainda não aconteceu. E com certeza não é apenas um ponto.

Eu ando feliz. Hoje comi sushi. E tenho luvas nas mãos. Então tenho estado quente. E pra noites frias uma garrafa pet com água quente. Sim, very white trash. Mas isso é um pouco de felicidade. E ficar jogada na cama. E escrever projetos em companhia de dois amigos dos mais queridos. Da minha melhor amiga no mundo. Sim, eu ando feliz. Eu paro feliz também. E deito feliz. E acordo. E a vida prossegue.

Não interessa muito se essas coisas acontecem num ponto. Se já passaram. Ou se ainda vão acontecer. Importa sim é pensar em barquinhos de sushi. Em vestidos brancos e uns poucos amigos. Importa saber o que é. Porque o que é existe. Independente do lugar que ocupe. Independente do espaço que o tempo ocupe. Algumas coisas, como o domingo passado vendo o circo do Faustão, simplesmente são. Very white trash. Mas ainda assim feliz.

O passado só pode existir morto. O presente são esses vários pontinhos de alegria. E o futuro... Espero que seja ao seu lado. Você sabe. Só pode ser. Sempre foi você. Dois filhos ainda, certo? Pedro e Aurora? Ainda te convenço que Aurora é o nome mais magnífico que a nossa filha poderia vir a ter. E que Aurora é nome de espumante brasileiro que até que é bom. E isso a gente compra e serve uma caixa para os nossos amigos quando a hora chegar. E ela chega logo.

Com um leve sorriso a menina encerra este texto. Salva. E posta. Porque isso é fim de capítulo. E início de vida. A menina sabe. Porque só queria um final feliz. Desde sempre.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Sobre Amores em Época de Pan-Americano

A menina chora. A menina chorou. A menina chorará.
Não se sabe bem o motivo. Acredita-se que seja TPM.

Hoje tem show do Magic Numbers no Rio. Amanhã em São Paulo. A menina descobriu isso hoje. Quando não se pode mais tomar nenhuma providência. Mas não por isso ela chorou. A verdade é que a menina chora quando alguém grita. A menina chora quando brasileiros ganham medalhas de ouro no pan e então toca o Hino Nacional.

A menina pega. O telefone. Disca os números. E espera.
Espera para ouvir uma voz conhecida. Espera para ouvir a voz calma do outro lado da linha. Espera vários toques. E nada. Ninguém atende. Triste fim. Não o de Policarpo Quaresma. O de uma estória. Mas então. Então ela tenta de novo. E ao tentar percebe que discou o número errado na vez anterior. Respira. Até porque não acredita em sinais. Então alguma coisa interrompe o momento e não pode levar os toque até o fim. Mais um atleta brasileiro é agraciado com uma medalha de ouro. Assiste. A menina chora quando brasileiros ganham medalhas de ouro no pan e então toca o Hino Nacional. Espera. Passou. Pega o telefone. Espera. Olha. Para só então repetir a operação. Desta feita com atenção redobrada. Que é para não errar nenhum numerozinho que seja. Espera. Um toque. Dois toques. Três. Corte certeiro. A bola toca o chão. Ponto. Do outro lado da linha aquela voz. Do outro lado da linha aquela voz que já sabe que é ela. Dou outro lado da linha aquela voz que já sabe que é ela e por isso não diz alô. Diz oi, com aquele tonzinho. Espera. E quem espera sempre alcança. Depois de várias contusões o Hudson conseguiu a medalha de ouro nos 1.500m. A voz. Acalma. A calma. A pausa. Oi. E tudo fica bem. E hoje a menina não chorará mais. A menos que a tv insista em repetir os momentos de entrega de medalhas.

São vários quilômetros de distância. Você lá e eu cá. Contudo a tua voz é ainda tudo que conforta. Saudade. E sábado chega depressa. E quem espera sempre alcança. Se bem que a Daiane dos Santos teve que se retirar da competição. O Rio de Janeiro nem é tão longe assim.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Sobre Quem?

Eu tenho uma coleção considerável de all stars. São 13 ao todo. As pessoas dizem: "Hey, cara! Esse não é um bom número." Mas eu não posso fazer nada. São 13. E eu tô numa fase em que eu só compro um novo se um dos velhos tá estragado. Mas estragado mesmo, com buracos na sola. Do tipo que não dá mais pra usar.
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JORGE: Nos anos 60 nos Estados Unidos as geladeiras eram do tipo que se abre por fora. De fora. Vocês já devem ter visto esse tipo de geladeira por aí. Aí quando a geladeira estragava as pessoas colocavam ela na garagem, e ela ficava lá jogada. As crianças, quando brincavam de esconde-esconde, se escondiam nas geladeiras e ficavam trancadas lá. Porque, como eu já disse, elas só abriam por fora.
Nos anos 60 nos Estados Unidos muitas crianças morriam por conta disso. Ficavam trancadas dentro das geladeiras e morriam. Aí então, o governo, muito preocupado, resolveu lançar uma campanha publicitária de milhares de dólares para conscientizar as pessoas do perigo das geladeiras abandonadas. Essa campanha explicaria para as pessoas que elas deviam jogar sua geladeiras velhas num depósito de geladeiras velhas. Assim as crianças não morreriam mais.
Só que nos anos 60 nos Estados Unidos um cara também começou a pensar na solução pra esse problema. Aí, 2 meses antes do governo lançar a caríssima campanha publicitária, esse cara lança a geladeira com ímã, dessas que se tem hoje em dia. A campanha era inútil. As pessoas foram atrás da mesma solução, só que com visões diferentes. A campanha tinha uma visão imediata, de remediar. Enquanto o cara, que deve ser rico pra caralho, pensou no todo.
Nos anos 60 nos Estados Unidos, como aqui no Brasil em 2006, as pessoas não olham a foto inteira. Elas estão tentando estancar o sangue e não parar a hemorragia.

A luz abre. Jorge tem um revólver na mão. Há muito sangue por todo o cenário, inclusive em seus braços e roupas. Há um corpo em uma poça de sangue no chão. Ele levanta. Coça a cabeça com a arma.