quinta-feira, 25 de junho de 2009

(a menina bebe. com uma mão a cerveja. com a outra uma pinga qualquer. a menina reveza goles. agora que os cigarros não bastam para ausência de ações para mãos. então reveza.)

o idi vai tomando o lugar todo reservado ao superego. o idi é muito espertinho. ele sempre ocupa mais espaço. depois que a sessão de revezamento acaba o idi, maldito espertinho, deixa um buraco.

(a menina parece ignorar a aproximação do idi. ou então finge ignorar.)

ela diz: "ainda não estou pronta pra desistir de você."

ela diz: "é preciso flores!"

(a menina desiste de beber a pinga qualquer. reveza as mãos apenas em cerveja e cigarros. mas já é tarde. agora é o idi quem fala.)

às vezes é necessário fazer o coração parar de bater e aceitar qualquer coisa amena. às vezes é necessário esquecimento. às vezes é necessário lembrar. lembrar que é necessário esquecer. to let go. às vezes é necessário aceitar que os rumos que as coisas tomam nem sempre são aqueles que a gente deseja. às vezes é necessário sufocar os sentimentos, mantê-los bem lá no fundo. com o tempo eles aceitam esse lugar de memória. é necessário parar de escrever. é necessário parar de ler. é necessário parar o mundo.

então por que tudo isso parece impossível além de necessário?

por causa do vento que vai lá fora.

e você vem?

não.

(a menina desiste da cerveja. apaga o último cigarro. afoga o idi. e recomeça.)
se você acha tantas coisas sobre como vai ser. sobre como seria. e desprezando aquilo que realmente foi, eu daqui acho também.

acho que eu diria pouquíssimas coisas. talvez eu fumasse um cigarro. ou então mantivesse as mãos nos bolsos, na ausência específica de ações para mãos. é. pessoas como você ou momentos como esse me deixam assim, sem saber o que fazer com as minhas mãos.

acho que eu diria que tudo bem. que tudo fica bem eventualmente. inclusive eu. inclusive você.
não sei se eu beijaria a sua testa ou te abraçaria de volta. às vezes tocar me constrange. e às vezes tocar me deprime. não sei qual seria o caso. tenho essa tendência de não encostar muito nas pessoas, especialmente quando elas estão indo embora.

a gente se despede simplesmente dizendo "tchau. a gente se vê." porque nem eu nem você gostamos de muito alarde. então trataríamos a coisa com uma artificialidade natural. e realmente nós nos veríamos. nós nos veremos. inevitável que seja assim.

e você estará bem. e eu estarei bem.

eu vou perguntar se você já assitiu ao filme do woody allen. você, se disser que sim, vai me explicar o quanto se identificou com aquilo. eu vou dizer que já esperava. então você vai me perguntar se eu finalmente li o texto do David Foster Wallace. eu vou dizer que sim. e que você tinha razão. é cruel.

como foi cruel uma vez aquele tempo em que a gente disse: "tchau. a gente se vê." e que tudo isso agora é só uma lembrança. eu vou te pagar uma cerveja. e a noite vai te levar embora de novo. mas dessa vez sem grande estardalhaço ou qualquer tipo de sofrimento. e será um desses encontros amenos. mas com uma profundidade oculta que só eu - talvez você - vai notar.
e fica tudo bem.

acho que vai ser assim.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Minha primeira letra de música. Em parceria com Leozinho e Teca. Ainda sem nome. Se alguém tiver uma idéia de título, joga na roda.



você diz que quer dançar [comigo]

você diz que vai tocar

uma canção

uma canção que me liberte

você diz que quer dançar [comigo]

eu. racional.

você. desigual.

pra dançar comigo você tem que contar.

um, dois. um, dois. um, dois. um, dois.

será que você pode contar?

um, dois. um, dois. um, dois. um, dois.

pra sempre?

eu digo sim.

eu danço sim.

se você contar.

um, dois. um, dois. um, dois. um, dois.

se você contar.

um, dois. um, dois. um, dois. um, dois.

pra sempre.

se você contar um, dois pra sempre.

um, dois. um, dois. um, dois. um, dois.

se você contar.

um, dois. um, dois. um, dois. um, dois.

pra sempre.

se você contar.

um, dois. um, dois. um, dois. um, dois.

pra sempre.