quarta-feira, 25 de junho de 2008

Isso não é uma declaração de amor.
Isso não é uma declaração de imposto de renda.
E eu nem sei até que ponto a gente pode chamar isso de declaração. Seja do tipo que for.

Mas a verdade. A verdade é que eu te amo.

E se não fosse você o barco já teria naufragado.
E se não fosse você as noites já teriam ficado insuportáveis.
E se não fosse você eu já teria me atirado pela janela.
E se não fosse você eu já teria atirado algumas pessoas e alguns objetos pela janela.
E se não fosse você não haveria poesia.
E se não fosse você quem mais no mundo quereria a leveza de uma sandalinha de couro?
E se não fosse você o que é que eu chamaria de eternidade?

Não. Essa não é uma declaração sobre futuro.

E você sabe bem.
E eu sei bem.

É sobre expressionismo alemão, meu chapa.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Quarta-feira de cinzas. Chega de samba.
Por favor, jazz.
My Blueberry Nights.

Jazz do coração.

De imagens desaceleradas.

sábado, 7 de junho de 2008

A menina agora se fecha.

Entretanto qualquer olhar um dezoito avos mais apurado perceberia que a menina se abre. Abre-se como aquelas florzinhas da primavera. Porque eu acho que a menina é uma florzinha.

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Só agora eu percebi que todas as vezes que eu to escrevendo aqui nesse computador tem um copo de pinga à minha frente.

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A menina andava preocupada com umas coisas da vida. Sabe assim coisas da vida? Preocupada. Ela andava. Mas como num passe de mágica surgem coisas novas. Não para se andar. Não para se preocupar. Coisa novas. Simplesmente para existir. E as coisa existem. E a menina existe. Sem pensar em corações pesados. Porque corações devem ser sempre leves. Leve. E a menina não pensa. Porque existem atenuantes. A menina aprendeu a lição mais incrível que a vida poderia lhe ensinar.

O presente. Você percebe. O presente é um ponto. Que passou. Que passou. Que passou. Que passou. Que passou.

O presente não existe.

Porque não passa de.

Um ponto.

De interrogação.

De excalmação. Como em "oh!"

(a menina tira uma pequena embalagem do bolso. um pequeno papel de chocolate. Laka.)

O passado está atrás. O futuro só à frente. Nada disso importa.

O presente. Um ponto.

De interrogação.

(a menina sabe que o chocolate Laka deveria estar intacto. mas não está. só resta o papel na mão.)

Nada disso importa.

Não mesmo.

O que então?

O ponto.

O ponto.

(a menina sorri. porque as coisa não precisam estar intactas.)

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Ah, mas os textinhos de raiva e crise eram tão melhores...

Desculpa. Raiva e crise ambos passaram.

O ponto não é esse.

Não mais. Não mesmo.

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Esse é só o começo do fim da nossa vida.

Alguém ainda dirá isso pra você.

E não precisa ser hoje.

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Eu não encontro razões pra você se enconder tanto. Mas eu não me escondo mais. Eu me tranquei nesse quarto escuro por muito tempo. Eu quis ser Bukovski por muito tempo. E agora eu só quero um beijo. Um beijo que te deixe assim. Nervosa. Tensa. E que me faça beijar mal. Um beijo. Que desagüe tudo isso noutro lugar. Porque te beijar vai ser fácil. Porque te beijar vai ser diferente. Eu sei. Ele é um pouco rebelde. Eu sei. Vai passar. Como o carnaval sempre passa. Sempre demora a chegar. Sempre. E nunca. Assim. Ao som de bossa nova. Ou talvez um samba. Não. Uma canção do Chico. Do Los Hermanos. Do Portishead.

Eu não encontro razões pra você se mostrar tanto. Mas eu não me mostro mais. Eu me larguei no mundo e fiz de tudo com ele há muito tempo. Tudo era um estandarte. Entende. Eu quis ser leve. E não mais. Porque agora eu quero um beijo. Mas não. Não chega. Como os dias 29 de fevereiro. Demoram mais que o resto do ano. De qualquer modo. Sim. Só precisamos de mais uma música. Deixa eu brincar de ser feliz. Não. Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor. Um beijo. Que desagüe tudo isso noutro lugar. E me esconda do mundo. E pare. Pára. Não é por aí. Mas também não é por aqui.

E depois.

Depois vem outro refrão.