SOBRE OS GLOBOS DE OURO
Como alguns de vocês já devem saber no último domingo, dia 17 de janeiro aconteceu em Los Angeles a premiação dos melhores filmes e programas de TV do ano, o Globo de Ouro. A escolha dos prêmios é feita pela associação da crítica estrangeira em Hollywood.
Todo mundo costuma dizer que os Globos de Ouro são um excelente indicativo para o que vai acontecer no Oscar. Bom, confesso que estou com um pouco de medo esse ano. Quer dizer, eu não vi Avatar ainda e não posso dizer se o filme mereceu ou não levar o globo de melhor filme na categoria drama ou se James Cameron mereceu o prêmio de melhor diretor, mas se o Globo de Ouro, que geralmente privilegia o cinema independente um pouco mais do que o Oscar, está abalizando um filme como este fica bem claro que o Oscar será muito previsível.
Este ano poucos filmes de orçamento menor preencheram as categorias dos indicados. E na contagem de prêmios apenas dois filmes menos mainstream levaram alguma coisa. Crazy Heart, que rendeu ao ator (subestimado!!!!) Jeff Bridges seu primeiro globo de melhor ator/drama e um prêmio para a belíssima The Weary Kind, de Ryan Bingham, como melhor canção original. O outro underdog foi Preciosa, que deu à apresentadora Mo’Nique o prêmio de melhor atriz coadjuvante.
O resto foi aquilo que todo mundo meio que já previa. Os troféus de Avatar. Meryl Streep (de Julie & Julia) ganhando de Meryl Streep (de Simplesmente Complicado) e fazendo um discurso muito bacana de apoio ao Haiti, no qual ela falava de como era difícil ficar alegre no momento atual, mas lembrou-se de sua mãe que sempre dizia que devemos nos permitir a alegria, especialmente por sermos pessoas com dinheiro suficiente para ajudar aos outros.
Robert Downey Jr levou o prêmio de melhor ator em filme musical ou comédia, por Sherlock Holmes, batendo o queridinho da critica Daniel Day-Lewis, de Nine (dirigido por Robert Marshall, de Chicago). Nesta categoria mais um filme de menor orçamento e com elenco quase que desconhecido, mas que foi um dos maiores sucessos de bilheterias de 2009 nos Estados Unidos, Se Beber Não Case, levou a melhor. Batendo novamente o filme de Robert Marshall que entrou como um dos filmes com maior número de indicações, mas saiu sem nada.
Nesse Globo de Ouro também aconteceu algo que até então era inimaginável, bem, pelo menos para mim. Sandra Bullock teve não uma, mas duas indicações de melhor atriz, uma por drama (The Blind Side) e outra por comédia ou musical (A Proposta). Na comédia ou musical ela perdeu pra Meryl Streep, como já foi dito, mas levou o prêmio por The Blind Side. Taí, cerimônias de premiação podem ser surpreendentes – para o bem e para o mal. Não vi o filme ainda, logo, não sei qual é o caso aqui.
Dois prêmios fizeram valer a parte cinematográfica da noite. A Fita Branca, de Michael Haneke como melhor filme estrangeiro, que já havia levado a Palma de Ouro em Cannes. E Christoph Waltz, o melhor ator coadjuvante. Indiscutíveis, as duas escolhas. Se Waltz não levasse a melhor seria o maior crime cometido no ano. Como isso não aconteceu a crítica estrangeira será acusada apenas de alguns delitos menores.
O prêmio de melhor roteiro foi uma espécie de troféu-consolação para Jason Reitman, por Amor sem Escalas, que por pouco também não saiu de mãos abanando. E a melhor animação foi Up, como já era previsto, embora esta que vos escreve estivesse torcendo euforicamente para O Fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson.
A parte da premiação para televisão foi bacana. A estreante Glee levou – merecidamente – o prêmio de melhor comédia. Mad Man, de melhor drama. Aqui não posso opinar porque nunca assisti a série, não por falta de vontade, mas por falta de HBO mesmo.
O melhor ator de drama foi Michael C. Hall (por Dexter), que recentemente anunciou que estava com câncer e compareceu a cerimônia usando uma touca. A melhor atriz na mesma categoria foi a veterana Juliana Margulies por The Good Wife. Os dois prêmios extremamente merecidos. Ambos fazem trabalhos no mínimo exemplares em suas séries. Nas mesmas funções, mas na categoria comédia quem levou a melhor foi o ator Alec Baldwin, pela milionésima vez pela engraçadíssima 30 Rock e a atriz Toni Collette, por United States of Tara, que estréia em breve na FOX.
O melhor ator coadjuvante foi o genial John Lithgow, por Dexter e a atriz coadjuvante foi Chloë Sevigny por Big Love. Não dá pra julgar a performance de Sevigny (novamente pela falta de HBO), mas esta coluna torcia pela veterana Jane Lynch, que faz um trabalho primoroso em Glee.
O resumo da ópera é que a premiação para TV além de mais divertida pareceu muito mais coerente. O que nos leva a uma questão importante: será que as melhores coisas produzidas no momento e os melhores profissionais da área estão na televisão? A resposta ainda está em aberto, mas o ponteiro parece se inclinar cada vez mais para o sim. Glee é um exemplo fortíssimo disso. Criatividade, quebra de tabus, bons roteiros, bons atores e um acabamento excelente, coisa que parece estar em falta na indústria cinematográfica, especialmente a parte da criatividade.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
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