quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Existem frações de segundo em que não se sabe muito bem o que fazer com as mãos.

Nesta fração, talvez um dezesseis avos, a mão vai até o bolso. Até o bolso e encontra um papel. Um ingresso de cinema. A mão encontra um ingresso de cinema de um filme ruim. Um filme ruim carregado de lembranças boas.

Jacques se sentiu obscuro novamente. Ele sabia que para viver no mundo um homem deve seguir seus costumes. E corações não eram mais usados.

Que uniforme devo eu usar para esconder meu coração?

Eu nunca entendi muito bem a matemática. Logaritmos, combinações, equações, frações. Mas também eu nunca entendi sobre partidas. De tabuleiro e de pessoas. E eu não entendo você. Por isso, dos males o menor. A matemática. Ainda assim é melhor. Porque é o que é. O que é exato. Como dois mais dois...

(Com uma roupa camuflada do exército o ator entra em cena.)

(A menina pisa. E aquilo que pisa é o mundo. O mundo à seus pés.)

Numa fração de segundos as mãos acendem um cigarro. A fala é algo superestimado. Tudo no seu corpo diz mais do que aquilo que você não me diz. O seu corpo diz que hoje é dia de domingo. E você sabe.

Põe a roupa nova. Aquela que você guardava para uma ocasião especial. Hoje é dia de domingo. Vai à missa. Depois um sorvete. E espera o dia acabar. Espera a sensação passar.

(Ao fundo uma canção avassaladoramente pop. Strokes, por que não?)

A peça começa assim:

Um comentário:

Anônimo disse...

bom comeco