sábado, 30 de agosto de 2008

Às vezes eu fico me perguntando se eu sei o que é melhor pra mim.
Às vezes eu fico me perguntando se eu sei o que é melhor pra você.
Às vezes eu fico me perguntando se veneno pra barata me mataria.

Enquanto isso eu espero mais uma conjunção astral.
O momento em que a lua vai entrar na sétima casa.
E quando você vai entrar por aquela porta e dizer que eu sou a única e arrancar a minha roupa e me fazer saber só o que você já sabe.

Não sei se quando é a palavra ideal.
Quando é usado no futuro. Subjuntivo?
Quando eu chegar. Quando você entrar. Quando nós admitirmos.
Talvez o caso seja mais passado.
Se você entrar...
Ou se presentifique.
Que eu chegue.
Ou mantenhamos no presente do indicativo.
Nós admitimos.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Durante boa parte do tempo eu sou uma pessoa feliz. Se fosse necessário quantificar eu diria que sou uma pessoa feliz durante 97% do tempo. Mas de vez em quando, provavelmente uma vez a cada dois meses, uma tristeza enorme me assola. É como se toda a tristeza do mundo me invadisse. Invadisse a minha casa, a sala da minha casa, o meu quarto. Invadisse as prateleiras, a televisão, os dvd´s, os cd´s, o único vinil do Noel Rosa. Tudo parece lotado.

Como se fosse possível essa tristeza me invadir e transbordar pra fora de mim. Ocupar o ar a minha volta. Ocupar todas as moléculas de oxigênio. E ela vai aonde eu vou. Não sabendo de onde ela veio também não sei quem a convidou. Ela simplesmente aparece sem aviso prévio. Sem justificativas.

Depois de algum tempo - se necessário quantificar eu diria umas três horas - da mesma maneira que apareceu ela se esvai. Rapidamente. Sem mais nem porquê. E tudo volta ao normal. Até o próximo bimenstre.


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Eu gosto de pensar que eu penso em você o tempo todo.
Isso não é verdade.

Como quando o gato derrubou o vaso de flor de cima do armário. Nesse momento tudo desaparece e eu só consigo pensar em mim. Tudo desaparece e eu estou em um fundo branco infinito. Eu, a terra e a flor. E só existem as conseqüências que isso pode provocar. O vaso não é meu. O gato é.

Eu deito e ela não me abraça. Por mais que esteja com frio. Ela não me perdoa por ter jogado fora algo que não me pertencia. Então eu a abraço. Porque eu a amo. O meu braço é um intruso. Ou nem isso. Não faz a menor diferença. Não faz a menor diferença eu estar ali ou não. Eu o retiro. Não faz a menor diferença.

Eu penso nas outras mulheres. Atrizes. Quem me interpretaria no cinema. No teatro. Na TV. Ou no palquinho da cantina da Faculdade de Artes do Paraná. Todas são a mesma pessoa.

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A batalha dos búfalos.
I´ll be gald I´ll be blue.
Battle of the bulls.
A batalha dos azuis.

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Das janelas em que os olhos se encontram. Eu e você.
Outro dia de sol.
Outro dia de chuva.
Outro jogo de futebol.
Outra viagem à praia.
Não quero ir à escola.
Eu e você.
Você na sua posição irreparável.
Outro dia de sol.
Eu me pergunto porquê eu não reclamei quando você perdeu os meus olhos.
Eu e você.
Eu na minha posição irrecuperável.
Outro dia de chuva.
Eu me pergunto porquê eu fiz de novo e você não reclamou.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

porque é fácil.
e você vem. não importa o horário.
você vai. você vem.

porque você me olha.
porque você me beija.
porque a complexidade do mundo parece irrelevante.
porque eu tento te alcançar com um simples impulso e você parece cada vez mais longe.

porque você pausa.
pausa longa.
pausa média.
pausa curta.

porque você me olha com esses olhos.
não de ressaca. mas.
olhos de luminosidade única.
porque a complexidade do mundo parece ser tudo que importa.
porque todos os meus saltos parecem ser desproporcionais.


e porque você sorri.
no fim de cada pausa você sorri.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Só pra dizer do que não se passa.
Quando as coisa acabam é preciso saber saciar.