quarta-feira, 16 de setembro de 2009

eu só posto aqui nesse espaço textos de minha autoria. digressões e narrativas sobre coisas reais e absurdas. mas hoje, que é um hoje bastante significativo, abri esta exceção aqui. abri a exceção porque tem esse menino, meu menino, e ele me faz chorar. ele me faz chorar um choro levinho, de alegria e muita saudade. saudade do diariamente, das crises, das conversas longas, dos passeios, dos sucos e das saladas, dos cafés, dos textos lidos em primeira mão, do teatro em conjunto, das teorias absurdas. hoje eu tenho o coração levinho e um pouco apertado dessa saudade. por isso não consigo escrever coisa nenhuma pensando na forma. por isso não consigo escrever. e por não conseguir, e talvez mesmo que conseguisse, preciso mostrar o porquê da saudade e da leveza. o porquê da singeleza. o porquê do meu amor, inesgotável e intransordável e incondicional, por esse menino, meu menino, Luiz Felipe Leprevost. o texto dele diz exatamente assim:

Outro sapo, outro baiacu
ou
Uma pequenina peça de amor revista
.
“Um- Posso pôr meu coração a seus pés.
Dois- Se não sujar meu chão.
Um- Meu coração é limpo.”
(Heiner Müller)
.
É um figurino leve, confortável. Ela parece, muito, vestida de si mesma. Não usa máscara. Não há nada de insano em sua feição, pelo contrário, seu rosto revela uma alegria que chega a ser angelical.
.
Em algum momento do texto, ou durante o texto todo, fica a cargo da atriz, ela deve cantar. É um canto conhecido, cantado sempre por todos a sua volta. Mais se assemelha a uma fala de amor o canto. O canto é assim: A vida a vida a vida a vida a vida a vida a vida a vida a vida a vida a vida a vida a vida, eu aceito isso.
.
tenho um coração
que é pra você
pois se aqui estou
é porque estou viva
e se estou viva
é porque tenho coração
e se tenho coração
ele é uma coisa que pulsa
não um sapo ou um baiacu
um sapo ou um baiacu são
coisas que pulsam
mas eles dois
.
há um sapo e um baiacu em cena
mas eles não são nojentos
são um sapo e um baiacu simpáticos
bonitinhos
de desenho animado
.
não são o coração a que me refiro
então, esse coração
que é esse
.
aponta o próprio peito
.
é um coração que pulsa
sim, pulsa
mas por aqui
a gente gosta de dizer
não que ele pulsa
mas que ele bate
então se bate
bate por quem?
bate por você que tanto venero?
vou dizer que te amo
que te venero
é claro que eu devia fazer isso!
se te venero
deve ser por você que o meu
coração bate
sim, é por você que o meu
coração bate
ele
ele ele ele ele
bate por você
para você e
para me manter viva em você
ele
ele ele ele ele
bate para que eu possa fazer
declarações de veneração
feito essa
na qual você reparou
feito essa pela qual
você foi conquistada
essa que é só pra você
pra você, pra você
que até o momento parece sentir
exatamente o mesmo que
venho sentindo
que sapos
ou baiacus
podem até ser bons signos para
se colocar em cena e
metaforicamente ser
chamados de “meu coração”
mas isso que está aqui
na verdade são os teus pés nus
lavados humildemente nas
águas limpas do meu coração
de verdade

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