então é assim. estamos em alguma cena do III ato. não. estamos numa das primeiras cenas do IV ato. mas você ainda não sabe disso. não sabe que essa divisão em atos é só pra facilitar na minha cabeça a divisão entre águas. eu achava que era preciso esperar o frio passar. que todos os amores eram de capricórnio. que era impossível se apaixonar por alguém num frio insano. que era necessário ter as mãos aquecidas.
eu estive em muitos reinos distantes. todos eles tinham esse cinza predominante em tudo. nas árvores nos castelos nos cavalos nas pessoas. aprendi a gostar desse cinza cheio de listras cinzas quando eu ainda nem sabia que existia outra coisa além dele. mas acontece que de repente as coisas vão sendo pintadas e aparece um verde radiante em todos os cantos. e um pouco de roxo aqui e ali.
acontece que de repente você se vê finalizando o ato junto com o ano e começando a escrever numa espécie de página em branco. como esta aqui. acontece que de repente você se vê tão feliz com o modo como as coisas foram conduzidas que nem mesmo vontade de começar o próximo ato o próximo capítulo a próxima frase você tem. porque acontece que nessa altura do campeonato bem já caberia um "felizes para sempre".
acontece tanta coisa e eu fico só olhando. pra você pros teus olhos pra tua boca. acontece um sem número de revoluções por dia dentro da máquina de lavar que eu contruí com as tuas mãos. acontece exatamente assim e eu receio que ficar discursando sobre a felicidade seja bastante desinteressante para o público em geral. e para públicos específicos também. mas acontece também que isso aqui é pra você.
o que acontece é que você aconteceu e acontecendo me fez desistir daquelas outras estórias de todas as estórias da história da humanidade. acontece que agora eu só aconteço com você. e não preciso de mais nada daquilo. nem de estrelas no céu nem de coelinho na lua. porque o que acontece acontece aqui. na tua casa. na minha. no início do IV ato. cena 1. você entra. e eu sorrio.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Eu fui assistir Onde Vivem os Monstros. E havia uma necessidade muito grande de entender se seria um filme infantil ou adulto. E havia uma expectativa muito grande da minha parte.
Mas a coisa da expectativa começa muito tempo antes, lá num passado já distante quando eu assisti Quero Ser John Malkovich, quando eu já amava o clipe de Praise You do Fatboy Slim, quando eu já tinha chorado litros vendo Adaptação. Eu amava o Spike Jonze por cada movimento que ele executava em sua carreira. E pensar na possibilidade de um diretor que propõe narrativas quase rebuscadas, que se confundem em si mesmas criando um filme infantil – ou pseudo-infantil – era minimamente curioso. Pois bem, junte a isso o fato de o roteiro do filme ter sido escrito por um dos autores que eu mais admiro, o Dave Eggers, e Onde Vivem os Monstros virou o filme mais esperado do ano pra mim.
O filme é uma adaptação de um livro infantil homônimo de Maurice Sendak, um quase conto ilustrado vencedor de diversos prêmios de literatura infantil. Jonze extrapola essa concisão criando uma narrativa extremamente verborrágica, por vezes um pouco explicativa demais, mas delicada e expressiva, sobre amadurecimento e sentimentos em conflito.
O garotinho Max, após uma briga com sua mãe foge de casa e se embrenha numa floresta até chegar a um lugar distante, no qual encontra criaturas enormes, semelhantes a animais. Os monstros proclamam-no, então, seu novo rei. No começo Max se identifica plenamente com Carol e sua personalidade tempestuosa e agressiva. Mas aos poucos a personalidade de cada um dos monstros vai se mostrando apenas como cada uma das facetas do menino. E as situações vividas nesse lugar novo e ideal a representação de situações vividas por ele em casa.
Aos poucos ele vai fazendo as pazes com situações enfrentadas pela ausência total do pai, e parcial da mãe, que trabalha, junto ao descaso da irmã mais velha e percebe onde é seu lugar no mundo. Através da personagem KW ele revive o amor materno e percebe que os monstros não precisam de um rei, e que ele não precisa de um reinado.
O poder do filme está, além de na direção certeira e livre de maneirismos de Jonze, na belíssima direção de fotografia de Lance Acord, que já havia trabalhado com o diretor tanto em Adaptação quanto em Quero Ser John Malkovich. Os sentimentos do menino são recriados com presteza na luz, ou ausência dela, e nos movimentos de câmera. A narrativa é acertada, e cada movimento ou corte serve para imergir o diretor nas possíveis sensações de Max.
Outro trunfo do filme é o trabalho dos atores, com destaque para James Gandolfini (da Família Soprano) como Carol. Jonze trabalhou com os atores em oficinas de criação em que eles reviviam parcialmente as cenas do filme para criar a voz de seus personagens. O som foi gravado em estúdio, com os atores interagindo, ao contrário do que normalmente se vê em filmes de animação. O elenco ainda conta com outros atores brilhantes, como Forest Whitaker, Paul Dano, Chris Cooper, Lauren Ambrose e Catherine O´Hara. Sem contar as interpretações presenciais (digamos assim) do garotinho, Max Records e de Catherine Keener, como sua mãe.
Muito já foi dito sobre a trilha sonora de Onde Vivem os Monstros, criada pela vocalista dos Yeah Yeah Yeahs e ex-namorada do diretor Karen O. A trilha é bastante boa, apesar de funcionar melhor nas cenas de ação. Nas cenas em que há diálogo parece às vezes brigar com o texto ao invés de complementá-lo. Mas como canções à parte da obra cinematográfica são todas muito bonitas.
Algumas críticas já disseram que o filme é verborrágico demais, que não serve para crianças e coisas do gênero. Talvez seja verdade. Mas eu acredito que seria possível para qualquer criança acima de seis anos se divertir e até mesmo se identificar com o personagem principal. E para qualquer adulto se emocionar. Expectativas cumpridas. Não interessa se o filme é para o público infantil ou adulto.
Mas a coisa da expectativa começa muito tempo antes, lá num passado já distante quando eu assisti Quero Ser John Malkovich, quando eu já amava o clipe de Praise You do Fatboy Slim, quando eu já tinha chorado litros vendo Adaptação. Eu amava o Spike Jonze por cada movimento que ele executava em sua carreira. E pensar na possibilidade de um diretor que propõe narrativas quase rebuscadas, que se confundem em si mesmas criando um filme infantil – ou pseudo-infantil – era minimamente curioso. Pois bem, junte a isso o fato de o roteiro do filme ter sido escrito por um dos autores que eu mais admiro, o Dave Eggers, e Onde Vivem os Monstros virou o filme mais esperado do ano pra mim.
O filme é uma adaptação de um livro infantil homônimo de Maurice Sendak, um quase conto ilustrado vencedor de diversos prêmios de literatura infantil. Jonze extrapola essa concisão criando uma narrativa extremamente verborrágica, por vezes um pouco explicativa demais, mas delicada e expressiva, sobre amadurecimento e sentimentos em conflito.
O garotinho Max, após uma briga com sua mãe foge de casa e se embrenha numa floresta até chegar a um lugar distante, no qual encontra criaturas enormes, semelhantes a animais. Os monstros proclamam-no, então, seu novo rei. No começo Max se identifica plenamente com Carol e sua personalidade tempestuosa e agressiva. Mas aos poucos a personalidade de cada um dos monstros vai se mostrando apenas como cada uma das facetas do menino. E as situações vividas nesse lugar novo e ideal a representação de situações vividas por ele em casa.
Aos poucos ele vai fazendo as pazes com situações enfrentadas pela ausência total do pai, e parcial da mãe, que trabalha, junto ao descaso da irmã mais velha e percebe onde é seu lugar no mundo. Através da personagem KW ele revive o amor materno e percebe que os monstros não precisam de um rei, e que ele não precisa de um reinado.
O poder do filme está, além de na direção certeira e livre de maneirismos de Jonze, na belíssima direção de fotografia de Lance Acord, que já havia trabalhado com o diretor tanto em Adaptação quanto em Quero Ser John Malkovich. Os sentimentos do menino são recriados com presteza na luz, ou ausência dela, e nos movimentos de câmera. A narrativa é acertada, e cada movimento ou corte serve para imergir o diretor nas possíveis sensações de Max.
Outro trunfo do filme é o trabalho dos atores, com destaque para James Gandolfini (da Família Soprano) como Carol. Jonze trabalhou com os atores em oficinas de criação em que eles reviviam parcialmente as cenas do filme para criar a voz de seus personagens. O som foi gravado em estúdio, com os atores interagindo, ao contrário do que normalmente se vê em filmes de animação. O elenco ainda conta com outros atores brilhantes, como Forest Whitaker, Paul Dano, Chris Cooper, Lauren Ambrose e Catherine O´Hara. Sem contar as interpretações presenciais (digamos assim) do garotinho, Max Records e de Catherine Keener, como sua mãe.
Muito já foi dito sobre a trilha sonora de Onde Vivem os Monstros, criada pela vocalista dos Yeah Yeah Yeahs e ex-namorada do diretor Karen O. A trilha é bastante boa, apesar de funcionar melhor nas cenas de ação. Nas cenas em que há diálogo parece às vezes brigar com o texto ao invés de complementá-lo. Mas como canções à parte da obra cinematográfica são todas muito bonitas.
Algumas críticas já disseram que o filme é verborrágico demais, que não serve para crianças e coisas do gênero. Talvez seja verdade. Mas eu acredito que seria possível para qualquer criança acima de seis anos se divertir e até mesmo se identificar com o personagem principal. E para qualquer adulto se emocionar. Expectativas cumpridas. Não interessa se o filme é para o público infantil ou adulto.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Hoje estreou em Curitiba mais uma leva de filmes que concorrem a algum Oscar.
No topo da lista Invictus e Guerra ao Terror. Pretendo ver essa semana. E sei que preciso ver Avatar, que esse é o futuro do cinema e blábláblá... eu vou, mas preciso me encher de coragem antes. Tenho preguiça desse tipo de filme.
Estreou aqui também um filme que eu estava esperando ansiosamente: Onde Vivem os Monstros, do Spike Jonze, com trilha da Karen O. Sem dúvida nenhuma vai ser o primeiro filme que eu vou ver nessa semana. Agora só falta O Fantástico senhor Raposo. Daí meu coraçãozinho vai ficar em paz.
No topo da lista Invictus e Guerra ao Terror. Pretendo ver essa semana. E sei que preciso ver Avatar, que esse é o futuro do cinema e blábláblá... eu vou, mas preciso me encher de coragem antes. Tenho preguiça desse tipo de filme.
Estreou aqui também um filme que eu estava esperando ansiosamente: Onde Vivem os Monstros, do Spike Jonze, com trilha da Karen O. Sem dúvida nenhuma vai ser o primeiro filme que eu vou ver nessa semana. Agora só falta O Fantástico senhor Raposo. Daí meu coraçãozinho vai ficar em paz.
SOBRE FILMES CONCORRENDO A UM HOMENZINHO DOURADO
Bom, então saiu a lista dos indicados ao Oscar na terça-feira, e como era de se esperar Avatar teve o maior número de indicações. Nove ao todo, a mesma quantidade de indicações do filme Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow. Curiosidade irônica: Avatar é dirigido por James Cameron, como já é sabido, e Kathryn Bigelow é a ex-mulher do cineasta.
Ainda não tive muito ânimo pra me deslocar até um cinema assistir a Avatar e Guerra ao Terror ainda não estreou por estas bandas. Bem como boa parte dos outros indicados a melhor filme. O que eu já vi até aqui – sim, pretendo assistir a tudo antes da cerimônia de premiação – foi o já comentado Bastardos Inglórios, ainda em 2009 e Amor Sem Escalas.
Eu vi Juno na época do Oscar de 2008. Vi e gostei muitíssimo. Talvez porque eu tenha me identificado com a personagem, talvez porque eu ainda tivesse 24 anos. Não sei. Mas andei pensando bastante sobre o filme nos últimos dias. E, pelo menos na minha memória, a coisa não me pareceu tão impactante. Quer dizer, sim, a trilha sonora da Kymia Dawson é ótima, sim, a Ellen Paige é uma excelente atriz, sim, o roteiro da Diablo Cody é bem bacana, apesar de um pouco inverossímil. Acontece que eu acho que superei o filme. Talvez tenha amadurecido para além dele. Ainda não tenho certeza se Juno não passa mesmo de um filme para adolescentezinhos cheios de referências rock’n’roll, mas tenho plena certeza de que o diretor Jason Reitman é muito mais do que um diretor de filmes pop.
Explico: ele tinha um filme anterior, do qual gosto muito, chamado Obrigado por Fumar, que adotava uma linguagem pop, apesar do conteúdo nem tanto. O filme discutia a responsabilidade das empresas de cigarro. Mas não de maneira profunda e imparcial. Não, o filme era e é uma boa comédia sobre um cara que faz lobby para essas empresas. Daí você vai até o cinema assistir Amor Sem Escalas esperando uma porção de coisas. E não acontece muito do jeito que você esperava. Entretanto isso não é, nem de longe, uma coisa ruim.
Amor Sem Escalas é, definitivamente, um filme maduro. Tanto na temática, quanto na narrativa. É um filme engraçado, apesar de muito triste. Ele conta a estória de Ryan Bingham (George Clooney), um sujeito de 40 anos, completamente desapegado da família, sem amigos ou qualquer tipo de relação humana, que viaja pelos Estados Unidos despedindo pessoas. Nessa vida de aeroporto em aeroporto ele acaba conhecendo uma mulher com quem se envolve, Alex (Vera Farmiga). Quando tudo parece estar indo bem, e ele está prestes a conquistar seu maior objetivo de vida, acumular dez milhões de milhas, uma nova personagem entra na história. Natlie Keener (Anna Kendrick) é contratada pela empresa em que ele trabalha para revolucionar o sistema de demissões e cortar gastos: tudo seria feito de modo virtual. Bingham vê sua estabilidade ameaçada. Para prolongar as viagens um pouco mais se compromete a ensinar o ofício a Natalie, viajando com ela pelo país.
A narrativa é madura porque deixa de lado alguns movimentos de câmera histriônicos e se concentra em mostrar personagens díspares, numa das piores profissões da história da humanidade. A relação entre Ryan e Natalie modifica seus comportamentos e o modo de ambos ver o mundo. O que poderia parecer piegas vira um filme delicado sobre amadurecimento e aceitação nas mãos de Reitman. O roteiro é do próprio diretor, o que também demonstra que ele próprio amadureceu idéias e não apenas o fazer cinematográfico.
Afora a mão segura, honesta e singela ao mesmo tempo, do diretor o filme conta também com atuações impecáveis do trio protagonista. Não à toa Clooney está indicado ao Oscar de melhor ator e, tanto Kendrick quanto Farmiga ao de atriz coadjuvante. Embora seja muito difícil que alguém do elenco de Amor Sem Escalas vá para casa com o homenzinho dourado – a estatueta de melhor ator já tem o nome de Jeff Bridges escrito e a de atriz coadjuvante o de Mo’Nique – não custa nada torcer. Especialmente para Anna Kendrick, que faz um trabalho nada menos que preciso como a jovem de 23 anos descobrindo algumas coisas sobre amadurecer.
Bom, então saiu a lista dos indicados ao Oscar na terça-feira, e como era de se esperar Avatar teve o maior número de indicações. Nove ao todo, a mesma quantidade de indicações do filme Guerra ao Terror, de Kathryn Bigelow. Curiosidade irônica: Avatar é dirigido por James Cameron, como já é sabido, e Kathryn Bigelow é a ex-mulher do cineasta.
Ainda não tive muito ânimo pra me deslocar até um cinema assistir a Avatar e Guerra ao Terror ainda não estreou por estas bandas. Bem como boa parte dos outros indicados a melhor filme. O que eu já vi até aqui – sim, pretendo assistir a tudo antes da cerimônia de premiação – foi o já comentado Bastardos Inglórios, ainda em 2009 e Amor Sem Escalas.
Eu vi Juno na época do Oscar de 2008. Vi e gostei muitíssimo. Talvez porque eu tenha me identificado com a personagem, talvez porque eu ainda tivesse 24 anos. Não sei. Mas andei pensando bastante sobre o filme nos últimos dias. E, pelo menos na minha memória, a coisa não me pareceu tão impactante. Quer dizer, sim, a trilha sonora da Kymia Dawson é ótima, sim, a Ellen Paige é uma excelente atriz, sim, o roteiro da Diablo Cody é bem bacana, apesar de um pouco inverossímil. Acontece que eu acho que superei o filme. Talvez tenha amadurecido para além dele. Ainda não tenho certeza se Juno não passa mesmo de um filme para adolescentezinhos cheios de referências rock’n’roll, mas tenho plena certeza de que o diretor Jason Reitman é muito mais do que um diretor de filmes pop.
Explico: ele tinha um filme anterior, do qual gosto muito, chamado Obrigado por Fumar, que adotava uma linguagem pop, apesar do conteúdo nem tanto. O filme discutia a responsabilidade das empresas de cigarro. Mas não de maneira profunda e imparcial. Não, o filme era e é uma boa comédia sobre um cara que faz lobby para essas empresas. Daí você vai até o cinema assistir Amor Sem Escalas esperando uma porção de coisas. E não acontece muito do jeito que você esperava. Entretanto isso não é, nem de longe, uma coisa ruim.
Amor Sem Escalas é, definitivamente, um filme maduro. Tanto na temática, quanto na narrativa. É um filme engraçado, apesar de muito triste. Ele conta a estória de Ryan Bingham (George Clooney), um sujeito de 40 anos, completamente desapegado da família, sem amigos ou qualquer tipo de relação humana, que viaja pelos Estados Unidos despedindo pessoas. Nessa vida de aeroporto em aeroporto ele acaba conhecendo uma mulher com quem se envolve, Alex (Vera Farmiga). Quando tudo parece estar indo bem, e ele está prestes a conquistar seu maior objetivo de vida, acumular dez milhões de milhas, uma nova personagem entra na história. Natlie Keener (Anna Kendrick) é contratada pela empresa em que ele trabalha para revolucionar o sistema de demissões e cortar gastos: tudo seria feito de modo virtual. Bingham vê sua estabilidade ameaçada. Para prolongar as viagens um pouco mais se compromete a ensinar o ofício a Natalie, viajando com ela pelo país.
A narrativa é madura porque deixa de lado alguns movimentos de câmera histriônicos e se concentra em mostrar personagens díspares, numa das piores profissões da história da humanidade. A relação entre Ryan e Natalie modifica seus comportamentos e o modo de ambos ver o mundo. O que poderia parecer piegas vira um filme delicado sobre amadurecimento e aceitação nas mãos de Reitman. O roteiro é do próprio diretor, o que também demonstra que ele próprio amadureceu idéias e não apenas o fazer cinematográfico.
Afora a mão segura, honesta e singela ao mesmo tempo, do diretor o filme conta também com atuações impecáveis do trio protagonista. Não à toa Clooney está indicado ao Oscar de melhor ator e, tanto Kendrick quanto Farmiga ao de atriz coadjuvante. Embora seja muito difícil que alguém do elenco de Amor Sem Escalas vá para casa com o homenzinho dourado – a estatueta de melhor ator já tem o nome de Jeff Bridges escrito e a de atriz coadjuvante o de Mo’Nique – não custa nada torcer. Especialmente para Anna Kendrick, que faz um trabalho nada menos que preciso como a jovem de 23 anos descobrindo algumas coisas sobre amadurecer.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
SOBRE OS GLOBOS DE OURO
Como alguns de vocês já devem saber no último domingo, dia 17 de janeiro aconteceu em Los Angeles a premiação dos melhores filmes e programas de TV do ano, o Globo de Ouro. A escolha dos prêmios é feita pela associação da crítica estrangeira em Hollywood.
Todo mundo costuma dizer que os Globos de Ouro são um excelente indicativo para o que vai acontecer no Oscar. Bom, confesso que estou com um pouco de medo esse ano. Quer dizer, eu não vi Avatar ainda e não posso dizer se o filme mereceu ou não levar o globo de melhor filme na categoria drama ou se James Cameron mereceu o prêmio de melhor diretor, mas se o Globo de Ouro, que geralmente privilegia o cinema independente um pouco mais do que o Oscar, está abalizando um filme como este fica bem claro que o Oscar será muito previsível.
Este ano poucos filmes de orçamento menor preencheram as categorias dos indicados. E na contagem de prêmios apenas dois filmes menos mainstream levaram alguma coisa. Crazy Heart, que rendeu ao ator (subestimado!!!!) Jeff Bridges seu primeiro globo de melhor ator/drama e um prêmio para a belíssima The Weary Kind, de Ryan Bingham, como melhor canção original. O outro underdog foi Preciosa, que deu à apresentadora Mo’Nique o prêmio de melhor atriz coadjuvante.
O resto foi aquilo que todo mundo meio que já previa. Os troféus de Avatar. Meryl Streep (de Julie & Julia) ganhando de Meryl Streep (de Simplesmente Complicado) e fazendo um discurso muito bacana de apoio ao Haiti, no qual ela falava de como era difícil ficar alegre no momento atual, mas lembrou-se de sua mãe que sempre dizia que devemos nos permitir a alegria, especialmente por sermos pessoas com dinheiro suficiente para ajudar aos outros.
Robert Downey Jr levou o prêmio de melhor ator em filme musical ou comédia, por Sherlock Holmes, batendo o queridinho da critica Daniel Day-Lewis, de Nine (dirigido por Robert Marshall, de Chicago). Nesta categoria mais um filme de menor orçamento e com elenco quase que desconhecido, mas que foi um dos maiores sucessos de bilheterias de 2009 nos Estados Unidos, Se Beber Não Case, levou a melhor. Batendo novamente o filme de Robert Marshall que entrou como um dos filmes com maior número de indicações, mas saiu sem nada.
Nesse Globo de Ouro também aconteceu algo que até então era inimaginável, bem, pelo menos para mim. Sandra Bullock teve não uma, mas duas indicações de melhor atriz, uma por drama (The Blind Side) e outra por comédia ou musical (A Proposta). Na comédia ou musical ela perdeu pra Meryl Streep, como já foi dito, mas levou o prêmio por The Blind Side. Taí, cerimônias de premiação podem ser surpreendentes – para o bem e para o mal. Não vi o filme ainda, logo, não sei qual é o caso aqui.
Dois prêmios fizeram valer a parte cinematográfica da noite. A Fita Branca, de Michael Haneke como melhor filme estrangeiro, que já havia levado a Palma de Ouro em Cannes. E Christoph Waltz, o melhor ator coadjuvante. Indiscutíveis, as duas escolhas. Se Waltz não levasse a melhor seria o maior crime cometido no ano. Como isso não aconteceu a crítica estrangeira será acusada apenas de alguns delitos menores.
O prêmio de melhor roteiro foi uma espécie de troféu-consolação para Jason Reitman, por Amor sem Escalas, que por pouco também não saiu de mãos abanando. E a melhor animação foi Up, como já era previsto, embora esta que vos escreve estivesse torcendo euforicamente para O Fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson.
A parte da premiação para televisão foi bacana. A estreante Glee levou – merecidamente – o prêmio de melhor comédia. Mad Man, de melhor drama. Aqui não posso opinar porque nunca assisti a série, não por falta de vontade, mas por falta de HBO mesmo.
O melhor ator de drama foi Michael C. Hall (por Dexter), que recentemente anunciou que estava com câncer e compareceu a cerimônia usando uma touca. A melhor atriz na mesma categoria foi a veterana Juliana Margulies por The Good Wife. Os dois prêmios extremamente merecidos. Ambos fazem trabalhos no mínimo exemplares em suas séries. Nas mesmas funções, mas na categoria comédia quem levou a melhor foi o ator Alec Baldwin, pela milionésima vez pela engraçadíssima 30 Rock e a atriz Toni Collette, por United States of Tara, que estréia em breve na FOX.
O melhor ator coadjuvante foi o genial John Lithgow, por Dexter e a atriz coadjuvante foi Chloë Sevigny por Big Love. Não dá pra julgar a performance de Sevigny (novamente pela falta de HBO), mas esta coluna torcia pela veterana Jane Lynch, que faz um trabalho primoroso em Glee.
O resumo da ópera é que a premiação para TV além de mais divertida pareceu muito mais coerente. O que nos leva a uma questão importante: será que as melhores coisas produzidas no momento e os melhores profissionais da área estão na televisão? A resposta ainda está em aberto, mas o ponteiro parece se inclinar cada vez mais para o sim. Glee é um exemplo fortíssimo disso. Criatividade, quebra de tabus, bons roteiros, bons atores e um acabamento excelente, coisa que parece estar em falta na indústria cinematográfica, especialmente a parte da criatividade.
Como alguns de vocês já devem saber no último domingo, dia 17 de janeiro aconteceu em Los Angeles a premiação dos melhores filmes e programas de TV do ano, o Globo de Ouro. A escolha dos prêmios é feita pela associação da crítica estrangeira em Hollywood.
Todo mundo costuma dizer que os Globos de Ouro são um excelente indicativo para o que vai acontecer no Oscar. Bom, confesso que estou com um pouco de medo esse ano. Quer dizer, eu não vi Avatar ainda e não posso dizer se o filme mereceu ou não levar o globo de melhor filme na categoria drama ou se James Cameron mereceu o prêmio de melhor diretor, mas se o Globo de Ouro, que geralmente privilegia o cinema independente um pouco mais do que o Oscar, está abalizando um filme como este fica bem claro que o Oscar será muito previsível.
Este ano poucos filmes de orçamento menor preencheram as categorias dos indicados. E na contagem de prêmios apenas dois filmes menos mainstream levaram alguma coisa. Crazy Heart, que rendeu ao ator (subestimado!!!!) Jeff Bridges seu primeiro globo de melhor ator/drama e um prêmio para a belíssima The Weary Kind, de Ryan Bingham, como melhor canção original. O outro underdog foi Preciosa, que deu à apresentadora Mo’Nique o prêmio de melhor atriz coadjuvante.
O resto foi aquilo que todo mundo meio que já previa. Os troféus de Avatar. Meryl Streep (de Julie & Julia) ganhando de Meryl Streep (de Simplesmente Complicado) e fazendo um discurso muito bacana de apoio ao Haiti, no qual ela falava de como era difícil ficar alegre no momento atual, mas lembrou-se de sua mãe que sempre dizia que devemos nos permitir a alegria, especialmente por sermos pessoas com dinheiro suficiente para ajudar aos outros.
Robert Downey Jr levou o prêmio de melhor ator em filme musical ou comédia, por Sherlock Holmes, batendo o queridinho da critica Daniel Day-Lewis, de Nine (dirigido por Robert Marshall, de Chicago). Nesta categoria mais um filme de menor orçamento e com elenco quase que desconhecido, mas que foi um dos maiores sucessos de bilheterias de 2009 nos Estados Unidos, Se Beber Não Case, levou a melhor. Batendo novamente o filme de Robert Marshall que entrou como um dos filmes com maior número de indicações, mas saiu sem nada.
Nesse Globo de Ouro também aconteceu algo que até então era inimaginável, bem, pelo menos para mim. Sandra Bullock teve não uma, mas duas indicações de melhor atriz, uma por drama (The Blind Side) e outra por comédia ou musical (A Proposta). Na comédia ou musical ela perdeu pra Meryl Streep, como já foi dito, mas levou o prêmio por The Blind Side. Taí, cerimônias de premiação podem ser surpreendentes – para o bem e para o mal. Não vi o filme ainda, logo, não sei qual é o caso aqui.
Dois prêmios fizeram valer a parte cinematográfica da noite. A Fita Branca, de Michael Haneke como melhor filme estrangeiro, que já havia levado a Palma de Ouro em Cannes. E Christoph Waltz, o melhor ator coadjuvante. Indiscutíveis, as duas escolhas. Se Waltz não levasse a melhor seria o maior crime cometido no ano. Como isso não aconteceu a crítica estrangeira será acusada apenas de alguns delitos menores.
O prêmio de melhor roteiro foi uma espécie de troféu-consolação para Jason Reitman, por Amor sem Escalas, que por pouco também não saiu de mãos abanando. E a melhor animação foi Up, como já era previsto, embora esta que vos escreve estivesse torcendo euforicamente para O Fantástico Sr. Raposo, de Wes Anderson.
A parte da premiação para televisão foi bacana. A estreante Glee levou – merecidamente – o prêmio de melhor comédia. Mad Man, de melhor drama. Aqui não posso opinar porque nunca assisti a série, não por falta de vontade, mas por falta de HBO mesmo.
O melhor ator de drama foi Michael C. Hall (por Dexter), que recentemente anunciou que estava com câncer e compareceu a cerimônia usando uma touca. A melhor atriz na mesma categoria foi a veterana Juliana Margulies por The Good Wife. Os dois prêmios extremamente merecidos. Ambos fazem trabalhos no mínimo exemplares em suas séries. Nas mesmas funções, mas na categoria comédia quem levou a melhor foi o ator Alec Baldwin, pela milionésima vez pela engraçadíssima 30 Rock e a atriz Toni Collette, por United States of Tara, que estréia em breve na FOX.
O melhor ator coadjuvante foi o genial John Lithgow, por Dexter e a atriz coadjuvante foi Chloë Sevigny por Big Love. Não dá pra julgar a performance de Sevigny (novamente pela falta de HBO), mas esta coluna torcia pela veterana Jane Lynch, que faz um trabalho primoroso em Glee.
O resumo da ópera é que a premiação para TV além de mais divertida pareceu muito mais coerente. O que nos leva a uma questão importante: será que as melhores coisas produzidas no momento e os melhores profissionais da área estão na televisão? A resposta ainda está em aberto, mas o ponteiro parece se inclinar cada vez mais para o sim. Glee é um exemplo fortíssimo disso. Criatividade, quebra de tabus, bons roteiros, bons atores e um acabamento excelente, coisa que parece estar em falta na indústria cinematográfica, especialmente a parte da criatividade.
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