quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

então é assim. estamos em alguma cena do III ato. não. estamos numa das primeiras cenas do IV ato. mas você ainda não sabe disso. não sabe que essa divisão em atos é só pra facilitar na minha cabeça a divisão entre águas. eu achava que era preciso esperar o frio passar. que todos os amores eram de capricórnio. que era impossível se apaixonar por alguém num frio insano. que era necessário ter as mãos aquecidas.

eu estive em muitos reinos distantes. todos eles tinham esse cinza predominante em tudo. nas árvores nos castelos nos cavalos nas pessoas. aprendi a gostar desse cinza cheio de listras cinzas quando eu ainda nem sabia que existia outra coisa além dele. mas acontece que de repente as coisas vão sendo pintadas e aparece um verde radiante em todos os cantos. e um pouco de roxo aqui e ali.

acontece que de repente você se vê finalizando o ato junto com o ano e começando a escrever numa espécie de página em branco. como esta aqui. acontece que de repente você se vê tão feliz com o modo como as coisas foram conduzidas que nem mesmo vontade de começar o próximo ato o próximo capítulo a próxima frase você tem. porque acontece que nessa altura do campeonato bem já caberia um "felizes para sempre".

acontece tanta coisa e eu fico só olhando. pra você pros teus olhos pra tua boca. acontece um sem número de revoluções por dia dentro da máquina de lavar que eu contruí com as tuas mãos. acontece exatamente assim e eu receio que ficar discursando sobre a felicidade seja bastante desinteressante para o público em geral. e para públicos específicos também. mas acontece também que isso aqui é pra você.

o que acontece é que você aconteceu e acontecendo me fez desistir daquelas outras estórias de todas as estórias da história da humanidade. acontece que agora eu só aconteço com você. e não preciso de mais nada daquilo. nem de estrelas no céu nem de coelinho na lua. porque o que acontece acontece aqui. na tua casa. na minha. no início do IV ato. cena 1. você entra. e eu sorrio.

2 comentários:

camilla disse...

e se houver algum tipo de cinza, que seja para combinar com o verde radiante e com o pouco de roxo aqui e ali.
e acontece que o que acontece e vem acontecendo vai continuar acontecendo hoje, amanhã, depois e assim por diante.
sempre doce, assim como na oração que tenho tatuada. assim como te ver dormindo todas as manhãs, assim como as estórias sobre seres elementais que eu invento e você escreve, assim como as diversas línguas que você fala, assim como todos os teus olhares e sorrisos, assim como o tom da tua voz que muda ao falar comigo, assim como tudo que acontece quando você acontece comigo.

Ana C. disse...

Lindíssimo.