Saldo:
8 latas de cerveja
25 cigarros
27 horas sem dormir
Resultado:
ainda desconhecido
Dia 28 deveria ser importante. Passou de raspão de novo. Arrancou a tinta da lateral. Barely touched. Mas. Tocou.
A simbologia com o número 28 faz sentido. Agora.
From the top. Never stop.
Você fala como a Marlene Dietrich. E eu sei que você sempre quis ser uma diva. Com seus chapéus casacos sapatos. Você dança desesperadamente. Tentando expurgar. Você sabe. E eu também sei. Há um hiato. Não. Poderia ser ditongo? Poderia ser ditongo. Mas. O português não permite. Você fala em casamento. Divas casam várias vezes. Eu digo que espero. Mas. A verdade. Não. Há um hiato. Um espaço entre o esôfago e. Eu estava lá. Eu sempre estive lá. Mas.
A menina de sempre. A menina de nunca. Tenta em vão. Encontrar as palavras certas. Sim. Em vão porque. Deep down. Ela sabe. E a outra menina sabe também. Não há mais o que ser dito. Palavras não são certas. Certo é o hiato. Espaço. Love and rockets. A Terra dos Elogios. Onde a grama é mais verde. E as pessoas cantam. A menina canta junto. The hills are alive with the sound of music. Foi uma tentativa. Frustrada. Em vão. Mas os pulsos permanecerão intactos.
Órgãos. Produzem sons e outras coisas. Bile. Passa pelo esôfago. Queima. Existe um pequeno espaço. Muito pequeno. Poderia não existir. Cirurgia para hiatos. Ditongo aberto no final. Como em chapéu. Não em sapatos nem em casacos.
Por que é que você me pediu em casamento?
A menina perguntou com olhar perdido. Com um misto de medo e necessidade de ouvir a resposta.
Não obstante, ela se manteve em silêncio.
domingo, 30 de dezembro de 2007
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
A menina se encontra. Encontra-se. Sozinha. Mas não sabe. Não. Não sabe. Nunca.
Um cartaz. Em que se lê. Todo mundo quer ser encontrado. Encontra-se.
Uma estória simples. Uma menina que se encontra sozinha. Não. Ela quer ser encontrada. Sim. Está sozinha. Sim. Quer se encontrar. Quer ser encontrada. Então. Encontra-se. As estórias simples começam pelo começo. Como em "ah eu sou um cachorro veloz". Pelo começo. Mas esta estória parece simples. E todos sabem. Todos sabem desde sempre que parecer não necessariamente é. Parece que sim. A menina está sozinha e quer ser encontrada. Com os pulsos intactos. Quer ser encontrada e a frase termina aí. Ser. Encontrada. Isso tudo. Está. Isso tudo está nos olhos. Não nos de quem vê. Nos olhos. A menina. Encontra-se.
Uma resolução de ano novo?
Uma resolução de ano novo?
Sim. Todos precisam de uma resolução de ano novo.
Ok. Deixe-me ver. Deixe-me ver...
Rápido.
A resolução é assim: cinco mega pixel.
Você entende sobre arranque? Um motor. Um motor de arranque.
A menina está sozinha. Com tempo para cerveja e cigarro. E para se encontrar. Não. Isso já foi. Ela se encontrou e agora o que ela quer. Não se sabe. Uma pessoa. Ainda desfocada. A menina quer casar. Sempre quis. Não sabe mais se isso é uma coisa que quer realmente. Ou se é. Incutido. Sociedade. Entende? A menina quer ser encontrada por alguém que a entenda. Entendimento é diferente de percepção. E difere também de parecer. Para entender é preciso compartilhar. A menina quer alguém que a queira como ela é. A menina quer casar. Uma casa. Com dois ou três gatos. Dois ou três cachorros. Dois ou três filhos. Dois ou três filmes bons por semana. Dois ou três pequenos problemas por mês. Dois ou três séculos de promessa. A menina quer ser encontrada.
Sabe qual é o seu problema?
É hipotética?
Os planos. Alguém tem que ceder.
Eu gosto desse filme. Toca La Vie en Rose.
Não. A vida não é assim.
A menina acende um cigarro. Pensa. Solta a fumaça. E permanece. Permanecer é diferente de parecer e de percepção e de ser. Permanecer é.
Um cartaz. Em que se lê. Todo mundo quer ser encontrado. Encontra-se.
Uma estória simples. Uma menina que se encontra sozinha. Não. Ela quer ser encontrada. Sim. Está sozinha. Sim. Quer se encontrar. Quer ser encontrada. Então. Encontra-se. As estórias simples começam pelo começo. Como em "ah eu sou um cachorro veloz". Pelo começo. Mas esta estória parece simples. E todos sabem. Todos sabem desde sempre que parecer não necessariamente é. Parece que sim. A menina está sozinha e quer ser encontrada. Com os pulsos intactos. Quer ser encontrada e a frase termina aí. Ser. Encontrada. Isso tudo. Está. Isso tudo está nos olhos. Não nos de quem vê. Nos olhos. A menina. Encontra-se.
Uma resolução de ano novo?
Uma resolução de ano novo?
Sim. Todos precisam de uma resolução de ano novo.
Ok. Deixe-me ver. Deixe-me ver...
Rápido.
A resolução é assim: cinco mega pixel.
Você entende sobre arranque? Um motor. Um motor de arranque.
A menina está sozinha. Com tempo para cerveja e cigarro. E para se encontrar. Não. Isso já foi. Ela se encontrou e agora o que ela quer. Não se sabe. Uma pessoa. Ainda desfocada. A menina quer casar. Sempre quis. Não sabe mais se isso é uma coisa que quer realmente. Ou se é. Incutido. Sociedade. Entende? A menina quer ser encontrada por alguém que a entenda. Entendimento é diferente de percepção. E difere também de parecer. Para entender é preciso compartilhar. A menina quer alguém que a queira como ela é. A menina quer casar. Uma casa. Com dois ou três gatos. Dois ou três cachorros. Dois ou três filhos. Dois ou três filmes bons por semana. Dois ou três pequenos problemas por mês. Dois ou três séculos de promessa. A menina quer ser encontrada.
Sabe qual é o seu problema?
É hipotética?
Os planos. Alguém tem que ceder.
Eu gosto desse filme. Toca La Vie en Rose.
Não. A vida não é assim.
A menina acende um cigarro. Pensa. Solta a fumaça. E permanece. Permanecer é diferente de parecer e de percepção e de ser. Permanecer é.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
O coração a teus pés. E você não o quis.
A menina não enxerga mais. Com os olhos.
A menina chorou por algum tempo. E vai continuar chorando. Por que? Bem, porque a vida é assim. Então ela tem os olhinhos inchados. E por isso. Justamente por isso não enxerga mais.
Durante um bocado de tempo a menina achou que seria o contrário. Que a sensação seria de alívio. Mas não. A sensação é bastante física. Como se alguém pegasse todos os órgãos - os maiores e os menores - da menina e torcesse. Com gosto. E deixasse todos eles ali, numa poça de gosma e sangue, no chão.
Você não pode pôr teu coração a meus pés. Mas eu posso colocar todo o resto de você. Tudo que você acredita ser. Isso eu posso. Tudo a meus pés. No chão. Porque não importa mais. E eu talvez nunca tenha me importado. Você. No chão.
A menina sente sangrar. E pensa que se um dia - não agora - resolvesse se matar, primeiro teria que raspar todo o cabelo da cabeça. É uma homenagem. E se mataria cortando os pulsos. Porque é mais bonito. Ouvindo Sigur Ròs. Mas agora é nítido. Sente sangrar. Como nunca antes. Sente a contração. De todos eles dentro de si. Cada célula dói. Sofre. E sempre exite um responsável.
Chega. Acabou.
A menina sabe que passa. Mas por agora não parece.
E volta a chorar.
Posso pôr meu coração a teus pés?
A menina não enxerga mais. Com os olhos.
A menina chorou por algum tempo. E vai continuar chorando. Por que? Bem, porque a vida é assim. Então ela tem os olhinhos inchados. E por isso. Justamente por isso não enxerga mais.
Durante um bocado de tempo a menina achou que seria o contrário. Que a sensação seria de alívio. Mas não. A sensação é bastante física. Como se alguém pegasse todos os órgãos - os maiores e os menores - da menina e torcesse. Com gosto. E deixasse todos eles ali, numa poça de gosma e sangue, no chão.
Você não pode pôr teu coração a meus pés. Mas eu posso colocar todo o resto de você. Tudo que você acredita ser. Isso eu posso. Tudo a meus pés. No chão. Porque não importa mais. E eu talvez nunca tenha me importado. Você. No chão.
A menina sente sangrar. E pensa que se um dia - não agora - resolvesse se matar, primeiro teria que raspar todo o cabelo da cabeça. É uma homenagem. E se mataria cortando os pulsos. Porque é mais bonito. Ouvindo Sigur Ròs. Mas agora é nítido. Sente sangrar. Como nunca antes. Sente a contração. De todos eles dentro de si. Cada célula dói. Sofre. E sempre exite um responsável.
Chega. Acabou.
A menina sabe que passa. Mas por agora não parece.
E volta a chorar.
Posso pôr meu coração a teus pés?
domingo, 9 de dezembro de 2007
She was the one love of my life and I let her go
O filme começa assim:
Um close em uma mão. A mão segura um cigarro. A câmera abre. Vemos que o que aparece é uma mão em um espelho retrovisor. Um pouco mais. E vemos o rosto do protagonista. Uns olhos azuis. Que transparecem toda a frustração. O protagonista sofre. Porque sabe muito bem. Sabe muito bem que não é amado. Que aquela pessoa a seu lado sofre de algum outro mal. Mas não isso que ele queria. O azul. Os olhos. Depressão.
A menina tecla teclas. Palavras que não servem pra porra nenhuma.
O protagonista. Desce do carro. Chega no lugar de sempre. E, sem que ninguém perceba, uma lágrima rola por sua face. Depressão. Ele não quer. Mas está. Queria uma arma talvez. Para o suicídio. Porque não consegue terminar. Aquilo que já acabou. Mas não. Inventa desculpas. Mas não.
A menina inventa um personagem imaginário. Para tudo isso acabar bastaria uma palavra. Mas a palavra não vem. As palavras nunca vem.
O protagonista pensa em se matar 20 vezes por dia. E uma única palavra faria com que ele não pulasse. Mas a palavra não vem.
A menina está cansada. De inventar outras vidas que não a sua. Mais interessantes.
Então desliga o computador. E chora. Esperando que alguém a salve.
Um close em uma mão. A mão segura um cigarro. A câmera abre. Vemos que o que aparece é uma mão em um espelho retrovisor. Um pouco mais. E vemos o rosto do protagonista. Uns olhos azuis. Que transparecem toda a frustração. O protagonista sofre. Porque sabe muito bem. Sabe muito bem que não é amado. Que aquela pessoa a seu lado sofre de algum outro mal. Mas não isso que ele queria. O azul. Os olhos. Depressão.
A menina tecla teclas. Palavras que não servem pra porra nenhuma.
O protagonista. Desce do carro. Chega no lugar de sempre. E, sem que ninguém perceba, uma lágrima rola por sua face. Depressão. Ele não quer. Mas está. Queria uma arma talvez. Para o suicídio. Porque não consegue terminar. Aquilo que já acabou. Mas não. Inventa desculpas. Mas não.
A menina inventa um personagem imaginário. Para tudo isso acabar bastaria uma palavra. Mas a palavra não vem. As palavras nunca vem.
O protagonista pensa em se matar 20 vezes por dia. E uma única palavra faria com que ele não pulasse. Mas a palavra não vem.
A menina está cansada. De inventar outras vidas que não a sua. Mais interessantes.
Então desliga o computador. E chora. Esperando que alguém a salve.
Assinar:
Postagens (Atom)