segunda-feira, 13 de julho de 2009

Eu tinha pensado que seria fácil.
Mas cá estamos depois de todo esse tempo e não é nenhum pouco fácil ainda. Eu virei esse brinquedo estragado. Carro sem rodinha, videogueime sem fita, boneca sem braço, controle sem pilha. Eu não acho que tenha sido sempre assim. Se escolho entre dois amores, escolho, além de quem realmente amo, também pela morte do desprezado, já dizia meu amigo.

Eu tinha pensado que seria de sutilezas.
Que qualquer coisa que acontecesse seria leve e bem devagar. E apesar de parecer que a gente vive nesse romance da Jane Austen, cheio de olhares e toques furtivos, não é suave. Não. Suave é a noite. O resto é bastante amargo mesmo. E não digo nada disso pra te culpar. Talvez, sim, você tenha me quebrado. Mas talvez isso seja o amadurecimento de que eu tanto precisava. Relógio sem ponteiro, entende?

Eu tinha pensado que pensar não adiantava.
E te escondi no fundo de uma gaveta qualquer. Junto com o menor vaso de flor que eu já tive. Mas a memória, infelizmente, não tem gavetas, meu bem. E de tanto te encontrar em cada verso, te perdi. Sobrei eu e esse pedestal que eu não consigo destruir.

Eu cansei de metáforas pra coração.
A moda é muito importante e os corações caíram em desuso.
Como num filme de zumbi, desses que te causam sobressaltos, o meu coração parou de pulsar. E não. Eu não morri. Eu continuo aqui contando com esse punhado de palavras vãs que sobram de você. E quando você finalmente trouxer flores será para um encontro póstumo. Porque, por agora, eu nada posso garantir a não ser essa falha trágica. Esse timing imperfeito.

Eu ainda pretendo me contradizer mais umas 19 vezes antes de você chegar. E aí. Aí será tarde demais, percebe? Mesmo que você traga margaridas. Mesmo que você me peça um atalho. Mesmo que você me peça um auxílio. Mesmo que você me peça em casamento. Mesmo que você não me peça nada. Mesmo que eu use essa negativa dupla que se anula. Eu me contradigo até me anular. E então será tarde demais. Eu direi o indizível. Você não pedirá sequer uma prece. Mas eu darei mesmo assim:

eu te amo

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