sábado, 1 de agosto de 2009

Então vem você e me pede pra ficar. Então vem você e me pede pra ficar e diz aquelas coisas bonitas do outono do ano passado. Eu digo que você é doente. Eu digo que você perdeu o fio da meada. Eu digo não. Simplesmente. O tempo é curto. Permanecer se tornou impossível.

Então vem você. Uma outra você. Que desistiu da rua XV. Que desistiu das expectativas. Que desistiu dos teus talentos. Vem você e diz que sem mim a primavera não chega nunca. Então eu digo não. Você pede com os teus olhos. Eu respondo não com o meu coração. E permaneço.

Eu planejo um casamento. Dois filhos. Uma gata chamada Bruno Aleixo. Eu planejo o fim do mundo. Eu planejo um colchão. Eu planejo sims e todas as outras afirmações. Eu planejo uma carreira. Eu planejo uma dupla jornada. Eu planejo tinta branca azul rosa.

Quando ela me olhou e sorriu eu soube.

Eu tive que escolher, ela disse. Não sabendo que esse tipo de coisa não exige escolhas. Elas acontecem e ponto. E pronto. Eu só quero levar o meu sofá, ela disse. Não sabendo que daquele momento em diante não havia mais escolhas. O sofá sabia se fazer necessário.

Ela pediu uma pausa.

(pausa longa)

Mentira. Ela pediu uma pausa curta. E não pôde ver os homens sobrevoando o centro da cidade. Ela contou estórias sobre um balão. Ela leu Caio Fernando Abreu. E resumiu tudo em um pedido de desculpas. Que não foram aceitas. Pelo menos não naquele momento.

A primeira vez que eu beijei a garota que eu jamais sonhei ser a mulher da minha vida ela não chorou. Ela apenas retribuiu o beijo e colocou os braços em volta de mim. E não lembrou da primeira vez que me viu. E não se ofereceu pra ser nada além do que realmente podia ser.

A primeira vez que eu beijei a garota, que eu achava ser a mulher da minha vida, ela chorou. Mas ela era apenas uma garota. Indelével. Mas apenas uma garotinha assustada com as possibilidades que naquele momento se abriam.

Eu vou pegar na sua mão agora, senão seremos para sempre isso... amigos do karatê.
Eu nunca fiz aulas de karatê.

A primeira vez que eu fiz uma lista sobre ela.
1) o modo como ela sorri quando eu não deixo ela me beijar.
2) as coisas que ela escreve.
3) as canções que ela toca no violão.
4) ela sempre esquece o que estava dizendo.
5) as piadas sem graça que eu amo.
6) o modo como ela geme quando eu a abraço.
7) as coisas que ela diz nas entrelinhas e com os olhos.
8) a aparência dela, assim, de modo geral.
9) os planos para o futuro que ela me permite.
10) dormir com ela.
11) o modo como ela faz com que eu me sinta a pessoa mais especial do mundo.
12) a confortabilidade.
13) todos os cinco outros jeitos diferentes que ela sorri.
14) as coisas que ela fala sobre o mundo, assim, de maneira geral.
15) o modo como ela me ama sem dizer que me ama.

E nisso eu poderia escrever mais 150 vezes 15 coisas para essa lista. Porque todas as coisas nela. E todas as coisas que ela toca. São especiais. Eu poderia declarar pra todo mundo que ela me completa. Eu poderia escrever uma camiseta. Não sei. Eu poderia sair por aí gritando em um megafone o quanto e todos os quandos. Mas não. A minha oração é simples:

Seja o meu guarda-chuva.

Um comentário:

camilla disse...

eu planejo uma lua-de-mel em qualquer lugar com uma varanda de frente para o mar. com uma varanda e uma rede. eu planejo uma lua-de-mel e uma vida. uma vida com uma varanda de frente para o mar. com uma varanda e uma rede.e você.